19 novembro 2007

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A peça que fiz com o Cão Solteiro está na última semana, termina domingo.
O video que fiz para este espectáculo, foi todo construído com as imagens do espectáculo anterior do Cão, A Carta Roubada. Os Cães pediram-me para escrever um texto sobre ele.
3 de Cão Solteiro e André Godinho
3 um espectáculo de Cão Solteiro & André Godinho com texto de Rui Nunes
de 2 a 25 de novembro, de 3ª a domingo, às 22h
na R. do Poço dos Negros, 120
reservas 96 017 47 98 (entre as 14h e as 22h)

"A Carta Roubada estava escondida, à vista de todos, pousada numa caixa, na mesa, junto dos cartões de visita. Só precisou, para ser encontrada, que alguém olhasse para ela e a soubesse ver.

O P. contou-me como foi, quando viu o Sleep do Andy Warhol, na altura, numa sala de cinema em Paris. Foi com o irmão. No ecrã um homem dorme durante 5 horas. Eles não demoraram tanto, até se decidirem a sair da sala. No momento em que se levantam dos seus lugares, o homem do ecrã vira-se na cama. Eles voltam-se a sentar e continuam a ver o filme atentos. Até se voltarem a fartar e se levantarem de novo dos seus lugares. Tempo para o homem do ecrã fazer uma respiração pesada, ou um pequeno movimento do corpo. Eles não conseguem sair da sala, presos à promessa de acção, sempre frustrada.

Sleep era um filme sobre o sono. A Carta Roubada era um espectáculo sobre o sonho. Na cena duas mulheres a uma mesa durante 1 hora. Não se passa nada, uma come, uma faz um puzzle, uma abre a porta. Passa-se muita coisa. Promessa de acção, promessa de enredo, promessa de narrativa. Sempre frustrada. O espectáculo é um grande sonho. É talvez para se ver com sono. Perfeito talvez para ver em estado de vigília, onde o sonho é o nosso, feito com as imagens do espectáculo.

Eu vi o espectáculo. Eu sonhei com o espectáculo. O meu olhar sobre o espectáculo, está aqui. Não se passa nada. Passa-se muita coisa. Sempre as mesmas coisas. As imagens são muitas, são sempre as mesmas. O ritmo é lento. A sucessão das imagens aceleram o ritmo.

A carta voltou ao remetente. Encontramos a carta. Tinha sido escrita pelo Rui Nunes. Não o sabíamos antes. Mas tinha-mo-la guardada à vista. Bastou alguém olhar para ela."

8 comentários:

MPR disse...

Tentei ir no Sábado. Chegámos lá e não houve espectáculo. Falta de público. Espero conseguir ir na amanhã.

Nuno disse...

Este texto é fabuloso.

Ander disse...

mpr: I know, I'm sorry. If you want I'll be there wednesday. My sister is going to see it.

Nuno: Qual, o que eu escrevi? Ora muito obrigado.
Ou estás a falar do texto "A Carta Roubada" do Poe? Ou estás a falar do texto do Rui Nunes (O Canto no Ocaso)? Obrigado de qualquer maneira. Se puderes vai ver a peça.

Amet disse...

Temos poeta.

MPR disse...

Na quarta não posso, tenho ensaio. Mas quero ver se consigo ir hoje...

Ander disse...

amet: Oh, vai gozar com o Camões.

Nuno disse...

(Estava a falar do texto que escreveste.)

Amet disse...

repito:
T
E
M
O
S

P
O
E
T
A.
(citando "à espera de godot" sbeck.)
p.s. filho da puta, quero um orçamento.