30 novembro 2007

Sonhos gore

Paranoid Park de Gus Van Sant
O filme que mais me impressionou este mês, foi sem dúvida o filme do Gus Van Sant, porque ele é para mim o realizador mais relevante da actualidade, porque tudo no cinema dele (pós-Gerry) é o que me interessa no cinema, porque depois de ter subido aos céus com o Last Days, conseguiu voltar à terra e fazer um filme maravilhoso, perdido numa angústia numb.

Mas gostava de comentar uma coisa em relação ao filme do Cronenberg, porque não consigo identificar nada que ligue o Cronenberg de History of Violence e Eastern Promises, ao Cronenberg anterior, é como se fossem dois realizadores diferentes. Não quero com isto dizer que estes dois últimos filmes são maus, mas são diferentes. Não são feitos pelo realizador perverso obcecado com as mutações do corpo humano, são feitos por um amante dos comics independentes americanos. Existe uma força dos corpos, uma crueza (na cena de sexo de History... e na cena da luta na sauna de Eastern...), mas que não tem nada do corpo mutante de todos os filmes anteriores. Percebo que o insuportável Spider matou o primeiro Cronenberg, só não percebo de onde nasceu este.
Eastern Promises de David Cronenberg
Les Chansons D'Amour de Christophe Honoré
"O Carro Fantasma" de Victor Sjostrom
Ichi the Killer de Takashi Miike
Rescue Dawn de Werner Herzog
La Guerre du Feu de Jean-Jacques Annaud
La Fille Coupée en Deux de Claude Chabrol
Eastern Promises de David Cronenberg
Twin Peaks- Fire Walk With Me de David Lynch
Tussenstand de Mijke de Jong
Paranoid Park de Gus Van Sant
À Nos Amours de Maurice Pialat
Poison de Todd Haynes
Convoy de Sam Peckinpah
"Blissfuly Yours" de Apichatpong Weerasethakul
Vanishing Point de Richard Sarafian

28 novembro 2007

6 horas de fama


Este ano comecei a filmar as peças do Teatro Praga, para eles terem como registo e divulgação. Fiz também trailers de várias peças a partir de registos que eles tinham de peças anteriores. Estes trailers começam agora a estar disponíveis no Youtube. Aqui fica o trailer do Discotheater o opus de 6 horas do Teatro Praga, aqui bem comprimidos em 9 minutos.

26 novembro 2007

Charlie in the Hospital

Charlie in the Hospital by Xica
"my friend charlie thought his lung collapsed so we rushed to the hospital... I hold his hand and tried not to laugh when he discovered it was nothing."

A Nan Goldin tem uma fotografia da sua amiga Suzanne a chorar. Alguém disse uma vez que essa fotografia era o mais próximo que alguém podia estar de um ser humano. Lembrei-me dessa foto, quando vi esta que a Xica tirou ao seu amigo Charlie. Não o conheço, mas senti a angústia dele e a amizade dos dois. A Xica tem fotos muito bonitas no seu Flickr. Ajudam a matar as saudades.

19 novembro 2007

Publicidade

A peça que fiz com o Cão Solteiro está na última semana, termina domingo.
O video que fiz para este espectáculo, foi todo construído com as imagens do espectáculo anterior do Cão, A Carta Roubada. Os Cães pediram-me para escrever um texto sobre ele.
3 de Cão Solteiro e André Godinho
3 um espectáculo de Cão Solteiro & André Godinho com texto de Rui Nunes
de 2 a 25 de novembro, de 3ª a domingo, às 22h
na R. do Poço dos Negros, 120
reservas 96 017 47 98 (entre as 14h e as 22h)

"A Carta Roubada estava escondida, à vista de todos, pousada numa caixa, na mesa, junto dos cartões de visita. Só precisou, para ser encontrada, que alguém olhasse para ela e a soubesse ver.

O P. contou-me como foi, quando viu o Sleep do Andy Warhol, na altura, numa sala de cinema em Paris. Foi com o irmão. No ecrã um homem dorme durante 5 horas. Eles não demoraram tanto, até se decidirem a sair da sala. No momento em que se levantam dos seus lugares, o homem do ecrã vira-se na cama. Eles voltam-se a sentar e continuam a ver o filme atentos. Até se voltarem a fartar e se levantarem de novo dos seus lugares. Tempo para o homem do ecrã fazer uma respiração pesada, ou um pequeno movimento do corpo. Eles não conseguem sair da sala, presos à promessa de acção, sempre frustrada.

Sleep era um filme sobre o sono. A Carta Roubada era um espectáculo sobre o sonho. Na cena duas mulheres a uma mesa durante 1 hora. Não se passa nada, uma come, uma faz um puzzle, uma abre a porta. Passa-se muita coisa. Promessa de acção, promessa de enredo, promessa de narrativa. Sempre frustrada. O espectáculo é um grande sonho. É talvez para se ver com sono. Perfeito talvez para ver em estado de vigília, onde o sonho é o nosso, feito com as imagens do espectáculo.

Eu vi o espectáculo. Eu sonhei com o espectáculo. O meu olhar sobre o espectáculo, está aqui. Não se passa nada. Passa-se muita coisa. Sempre as mesmas coisas. As imagens são muitas, são sempre as mesmas. O ritmo é lento. A sucessão das imagens aceleram o ritmo.

A carta voltou ao remetente. Encontramos a carta. Tinha sido escrita pelo Rui Nunes. Não o sabíamos antes. Mas tinha-mo-la guardada à vista. Bastou alguém olhar para ela."

16 novembro 2007

OX*

XO earrings
I'm sorry, Über_Q.
*XO

07 novembro 2007

02 novembro 2007

3 Estreia hoje

3 de Cão Solteiro & André Godinho3 de Cão Solteiro & André Godinho
3 de Cão Solteiro & André Godinho3 um espectáculo de Cão Solteiro & André Godinho

de 2 a 25 de novembro, de 3ª a domingo, às 22h
na R. do Poço dos Negros, 120
reservas 96 017 47 98 (das 14h às 22h)

O cinema não é a narrativa (parte 2)

olha à sua volta, concentrado, bate com as chuteiras no relvado, ajeita as meias, limpa uma pinga de suor que lhe escorre pelo nariz, cospe para o lado, estica o dedo no ar, diz "hey", corre pára, concentrado, olha para trás, ajeita os calções, diz "aí, aí", olha à volta, sempre a mesma expressão, olha para a camera? mais nada.
Mais nada se passa no filme do Zidane. É maravilhoso!
Voltando ao post que aqui escrevi sobre o filme do Tarantino (e que por acaso revi este mês, logo a seguir ao Zidane), o cinema não é a narrativa (e o L'Avventura também é um excelente exemplo disso), o filme do Zidane, foi o filme que mais gostei de ver este mês, é arte contemporânea sim, mas não me digam que não é cinema. Não digam que este homem não é um personagem intrigante. E que este filme não tem uma estrutura clássica.
Zidane, a 21st century Portrait de Douglas Gordon e Philippe Parreno
"A Tale of Two Sisters" de Ji-Woon Kim
L'Avventura de Michelangelo Antonioni
"Memories of Murder" de Bong Joon-Ho
Charulata de Satyajit Ray
"Suckers" de John Webster
"The Star's Caravan" de Arto Halonen
Zidane, a 21st Century Portrait de Douglas Gordon e Philippe Parreno
Death Proof de Quentin Tarantino
"A Father's Music" de Igor Heitzmann
Compilation, 12 Instants d'Amour Non Partagé de Frank Beauvais
Trust de Hal Hartley