11 abril 2012

Os muros da censura.

Anteontem fui à cinemateca ver o filme "La Tête Contre les Murs" de Georges Franju. A cópia, que tinha as passagens bastante estragadas, era uma cópia comercial da altura em que o filme estreou em Portugal. Quando li a folha do filme percebi que o estado da cópia não tinha só a ver com as passagens. Várias cenas descritas na folha, eu não as tinha visto no filme. Só aí me apercebi que a cópia que vira era uma cópia cortada pela censura portuguesa.
Ontem peguei num dvd do filme e fui procurar as cenas que não tinha visto, encontrei 2 minutos inteiros (e talvez haja mais cenas de diálogos, que eu não me tenha apercebido).

Os cortes são muito curiosos, uns mais óbvios (mesmo que estúpidos): 3 mulheres abraçadas, uma rapariga de bikini, Jean-Pierre Mocky a desapertar o cinto de Anouk Aimée; outros mais bizarros: o nome do herói (Mocky) retirado do genérico inicial; até aos mais reveladores, como o diálogo do médico-psiquiatra, quando encontra o seu paciente enforcado (Aznavour) em que diz que ele era o seu doente mais bem comportado, nunca teve um gesto de violência, nem uma palavra de revolta.

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