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A autora do livro diz que Lisboa abraçou o cinema no séc. XX, mas mais que isso, que fomos dos primeiros europeus a compreender o cinema. O problema é que tal como compreendemos, também deixámos de compreender e a cultura cinematográfica perdeu-se...
Em Estrasburgo num raio de 300 metros do meu hotel havia 4 cinemas, o Star Saint-Exupéry, o Vox (que tinha um belo néon), o Odyssée (que tinha uma semana de cinema turco) e o Star (que ficava na mesma rua que o hotel). Mas mais do que o número de salas, o surpreendente era o que estava nas salas.
O cinema da minha rua devia ter umas 5 salas, mas pelo menos uns 10 filmes em cartaz. Entre eles o Tabu, não só destacado pelo papel a dizer "coup de coeur", mas também no programa do cinema onde vinha destacado como filme do mês. Nesta sala estavam também 2 filmes de Jean Renoir em cópias novas, The River e Le Carrosse d'Or. E ainda o American Graffiti, mais filmes indie, mais cenas para crianças, mais um filme sobre o pintor Auguste Renoir, chamado Renoir e que criava a confusão na fila para a bilheteira, com as pessoas que queriam ver os filmes do Renoir.
Mas para nós, o que este cinema tinha de extraordinário era isto, num domingo à tarde, quando me decidi a ir ver o Le Carrosse d'Or, haver uma grande fila para o cinema, com uma rapariga a tentar organizar a fila pela ordem das sessões (que começavam atrasadas, à espera que todos tivessem tempo de comprar o seu bilhete e entrar sem perder nada do filme)...
A diferença não está no número de cinemas que existem na cidade, mas no facto de haver de facto público interessado em vê-lo.
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